Mãe Menininha do Gantois – ao Vivo – LP – Phonodisc - 1974
1.Entrevista depoimento com Mãe menininha do Gantois; 2.aguerê de Oshosi; 3.Hamunha; 4.Oração a Mãe Menininha; 5.Ijexá de Oshun; 6.Alujá de Shangô; 7.Ibí de Oshalá; 8.Depoimento de Manoel Queiroga;
Alabês:
Vadinho: Rwm
Edinho: Gan e Rwm-Lé
Loló: Rwm-Lé
Badaró: Rwm-Pri
Mãe Meninha do Gantois nasceu no dia 10 de fevereiro de 1894, na cidade de São Salvador, Bahia. Seu nome de batismo era Maria Escolástica da Conceição Nazareth e era descendente de nigerianos.
No inicio do século XIX, sua avó D. Maria Júlia da Conceição Nazareth, fundou o "Ilê Iyá Omi Axé Iyamassê" - o Terreiro do Gantois. As terras onde o Terreiro foi edificado foram compradas do francês Sr. Gantois, pelo cônjuge de Maria Júlia, o africano, Sr. Francisco Nazareth de Eta. Maria Escolástica da Conceição Nazareth era sobrinha da iyalorixá Pulchéria Maria da Conceição, que também era sua madrinha de batismo, e quem a iniciou no culto dos orixás, na nação Ketu, aos 8 anos de idade. Por esse motivo ela recebeu o apelido de "Menininha".
Mãe Menininha seria a sucessora direta de Mãe Pulchéria na função de iyalorixá do Gantois, mas com a morte repentina de Mãe Pulchéria em 1918 o processo de sucessão foi acelerado, pois Gantois não poderia ficar sem um dirigente. Através do jogo de búzios, os orixás Oxóssi, Xangô, Oxum e Obaluaiyê escolheram e confirmaram Menininha, então com 28 anos, para assumir a função de dirigente do Candomblé do Gantois, em 1922.
Mãe Meninha enfrentou perseguições da polícia, que reprimia com violência a prática do culto aos orixás. Chegou a ser presa por resistir a polícia cultuando os orixás no candomblé de Gantois.
Mãe Menininha estava consciente de que a religião do candomblé era o último reduto de resistência da dignidade negra, da preservação da história do negro que não foi contada na escola, por esse motivo defendeu a preservação histórica dos locais sagrados onde estavam localizados os primeiros Terreiros de candomblé em Salvador, como por exemplo, o Engenho Velho e a Casa Branca.
Mãe meninha era casada, e tinha duas filhas, e durante 64 anos foi a força do Gantois, fazendo-se amar e respeitar por todo o povo baiano, a princípio e depois pelo povo brasileiro em razão de sua doçura, sabedoria e firmeza na defesa das tradições afro-brasileiras. Mãe Meninha foi a iyalorixá mais importante da Bahia e do Brasil, haja vista que todos babalorixás e iyalorixás a veneravam. Também foi inspiração de belas músicas, cantadas em prosa e verso por Dorival Caymi, Caetano Veloso, Bethânia, Gal Costa e Gilberto Gil, entre outros.
Este é um disco raríssimo e se por um lado é um excelente registro dos impressionantes Alabês que atuavam da casa do Gantois nos anos 70, por outro, ele peca pela pouca objetividade em focar uma figura tão forte na religiosidade brasileira como foi Mãe Menininha. Não que a homenagem tenha sido ruim (apesar do teclado horrível que se ouve ao fundo na faixa da entrevista, uma lembrança da estética da época), mas poderia ser mais completa, com perguntas mais valiosas para um registro deste porte. Mãe Menininha, na verdade era tão importante e tão emblemática para o Brasil que o disco ficou pequeno. Depois de ouvirmos o LP, ficamos querendo mais toques (que alabês são esses, por Zamby, que cacetada!! Ouvi poucos, muito poucos, desse nível!!) e, claro, mais cânticos – não há nenhum no disco - principalmente na voz de Mãe Menininha, ficamos curiosos para saber como era sua voz cantada e como puxava, naquela época, os pontos e orikis. É como é: quem viu, viveu...!
Para ouvir a faixa 03, "Hamunha", clique abaixo:
2 comments:
Olá, sou de Salvador Ba me interesso muito pelos toques afros. Como eu posso adquirir esse CD? Tem algum link para baixar as faixas?
se for possivel eu compro
Thiago, nós não comercializamos os discos do acervo, mas conhecemos muitos colecionadores. Nos escreva no ayom77@gmail.com
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