Monday, July 02, 2007

Palácio de Iemanjá -1972


Palácio de Iemanjá – Pai Edu ao Ao Vivo – LP - Rozenblit – 1972

01.Hino ao vento; 02.Sem exu não se faz nada; 03.Mensagem de Paz; 04.Senhor do Bonfim; 05.Igreja do Senhor do Bonfim; 06.Hino da Umbanda; 07.Zé Pelintra; 08.Povo de Jurema;

A gravadora Rozenblit, de Recife, foi pioneira e inovadora em investir em vários músicos dos anos setenta e ter em seu cast discos de música sacra brasileira que são itens raríssimos nos dias de hoje, pois depois de uma enchente, a gravadora perdeu todas as suas matrizes e o que se acha por aí de seu catálogo são verdadeiros prêmios aos colecionadores e “resgateiros” de acervos da música brasileira.

Pai Edu, segundo informações, possuía um templo enorme em Olinda, onde realizava ritos para a coletividade, em especial a festa de São Bartolomeu, criada para, segundo ele, afastar os ventos dos maus agouros de agosto.

Pai Edu

Apesar de ser ao vivo (era difícil fazer externas, devido aos recursos da época), é um disco bem gravado e percebe-se o tamanho do ambiente e o número de pessoas – talvez mais de 1000 – pelo coro dos consulentes cantando os pontos e os hinos.

Este é um registro importantíssimo, seja pela sua raridade, seja pelo marco de ser uma vertente da umbanda que existe, mas que poucos conhecem, a exótica Umbanda Evangélica (!). Sim, no LP Pai Edu conduzia seus ritos com uma aproximação óbvia do catolicismo, mas soando como um culto Carismático - surgido muitos anos depois - que por sua vez, é cópia dos ritos evangélicos pentecostais (é impossível, na primeira audição, não lembrar das missas do Padre Marcelo. É evidente que Pai Edu o influenciou, indiretamente).

Entendemos que muito dos cultos pentecostais - lembrando que o protestantismo americano, de onde provém as igrejas pentecostais e neopentecostais – estão, obviamente, relacionados ao espírito santo, e conseqüentemente, a João Batista, que realizava cultos anímicos. Aliada a conexão com a lembrança africana de seus ritos de origem, formam uma síntese primária de diversos valores, por eles mesmos negados, o que faz dos evangélicos uma vertente religiosa em constante desacordo consigo mesma, daí a ruptura que existe em diversos templos, originando um sem número de denominações.

Assim constatamos a grandiosidade da Umbanda, quando, mesmo sendo atacada em sua doutrina, seus orixás, exus, encantados e atabaques, se aproxima carinhosamente das igrejas evangélicas, que com suas possessões pelo espírito santo, suas curas, seus passes de imposição de mãos, sua glossolalia, seus copos de água fluídificada pelo "Senhor" e seus louvores de glória, estão muito mais perto da “macumba” que renegam do que possam imaginar...


Para ouvir a faixa 01, "Hino ao vento", clique abaixo:

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