Saturday, September 25, 2010

Notas sobre o Ayom IV - o símbolo sonoro


A concepção de símbolo sonoro está presente em várias culturas antigas, narradas de forma semelhante. O símbolo sonoro pode ser desde uma grafia antiga onomatopaica até a nota musical de um instrumento que reflita e conte uma história ou um mito e que foi conservada por tradições de estudiosos e mestres em suas artes. O grande maestro Koelreutter, que em comentário feito sobre a "Chacone" de Bach, certa vez declarou: "A música transmite manifestações espirituais. A música é uma linguagem e, como linguagem ela é um meio de transmissão. Ela transmite alguma coisa: uma mensagem, uma informação, e assim por diante. Eu diria então que a música é uma linguagem que entre outras coisas, é capaz de transmitir manifestações espirituais."



Maestro Koelreutter


Além dele, o grande baterista americano Gene Krupa, o criador de quase toda a ergometria do instrumento (Krupa chegou a estudar música africana, dança indiana e teorias interessantes sobre o movimento para definir a altura e a posição das peças da bateria), dizia: "A música é a única arte que consegue carregar a atmosfera com poder".

Gene Krupa

Essas verdades ditas por dois músicos ocidentais encontram eco nas tradições africanas e orientais, que talvez sejam inspiradas em filosofias e verdades mais antigas. Um dos mitos de Ayan fala exatamente disso: a transmissão espiritual através da criação do tambor e da construção da linguagem do canto e da dança. Este mito define cada som retirado do tambor como um atributo a uma potestade espiritual. Assim, glissandos indicam chuva, bordas os trovôes etc, e suas combinações definem a ritualística, simbolizando todos os reinos da natureza e da inteligência como o tradutor do intraduzível: a linguagem divina para a linguagem mental e depois a corporal humana, a dança, para finalmente, todas estas linguagens se encontrarem na síntese do transe espiritual.

Abaixo, em vídeo, um excerto de nossa palestra no TEV - Templo da Estrela Verde, onde narramos um dos raros mitos de Ayan, citado pelo mestre africano Adeleke Sangoyoyin e a explicação de como ocorre, ritualisticamente, a produção de cada som dos tambores, e a expressão do poder de cada divindade através do ritmo apropriado.

Clique abaixo para ver excerto do mito de Ayom:

Tuesday, September 21, 2010

Egungun - 1964





Egungun - LP - Secneb (Sociedade de estudos da cultura negra do Brasil) - 1964
Um disco importantíssimo, raríssimo e maravilhoso: um dos primeiros registros do culto lesé Egun de Itaparica, com a colaboração de quatro figuras lendárias para o povo de santo em todos os tempos: Juana Elbein dos Santos, Nei Lopes, Mestre Didi e Pierre Verger. O disco peca um pouco pela qualidade da gravação, mas consegue captar o que há de melhor nas coisas do "Santo": pureza e autenticidade!
Abaixo, descrevemos as faixas dos lados A e B e o que cada cântico representa dentro do ritual.

Lado A:
1. Iba Orisha Iba Onile
Saudação a Onilé no início de cada cerimônia.
2. Osanyin
Nesta faixa são entoados três cantos louvando a Osanyin, patrono das folhas e da medicina.
3. Egunugun Kigbale
Através deste cântico os ancestrais são chamados a entrar e incorporar-se no mundo dos vivos.
4. Ewo Nile
Aviso de chamada, alguma coisa está para acontecer. O ancestral vai chegar.
5. Oro Abi Oro
Este cântico expressa o significado do rito, reencenando as ligações com a comunidade, trazendo a bondade, felicidade e bem-estar.
6. Onile Mo Bodo Ile
Baba está chegando, ele anuncia-se, saudando os anciões e pede permissão para vir até o barracão.
7. Nile Wa Alagbe
Baba canta, incentivando os Alagbês, os músicos-sacerdotes.
8. Agboula Ago Nile
Quando Agboula vem ao mundo, todas as coisas se tornam felizes.
9. O She Wara Wara
Dois cânticos em homenagem a Xangô, ancestral divinzado da dinastia real de Oyó, onde ainda pode-se encontrar vestígios da comunidade Agboula, suas origens na África. Muitos dos Eguns reverenciados hoje, foram em vida, adoradores de Xangô.

Lado B:
1. Saudações a Baba Olukutun, chefe de todos os antepassados.
2. Loni Ojo Odun
Dois cânticos de grande alegria no festival anual de Baba Olukotum. Uma explosão de fogos intensifica a cerimônia.
3. Kiye Kiye Bo Iroko
Homenagem ao Egun dos antepassados que foram reis em vida.
4. Orisha Wa Iye
Um cântico para chamar as entidades para vir e dançar com alegria.
5. Afulele Ade
Um canto em homenagem à Oya Igbale, rainha e padroeira dos Eguns.
6.Omi Ro
Um dos cânticos mais profundos, que evoca toda ancestralidade do povo africano.
7. Aluja
Os tambores tocar Aluja, o ritmo preferido de Xangô, o maior de todos reis, Alafin de Oyó, senhor da justiça, dono do fogo e do trovão.
Para ouvir a faixa 08, Agboula Ago Nilê, clique abaixo:

Tuesday, September 14, 2010

Titanic - MACUMBA NO ROQUENRÔU!!!!!


Prá você que acha que a música da "Banda" só está presente na música popular brasileira, se enganou redondamente, ela sempre fascinou músicos de todos os estilos...

Banda Norueguesa de Hard Rock fundada em 1973, o Titanic conta com um sucesso inusitado: diz-se que alguns de seus integrantes eram frequentadores dos terreiros de Salvador e que se deixaram realmente amar pelos batuques hipnóticos da Macumba, ao ponto de criarem um clássico absoluto do período, tão importante quanto "Their Satanic Majesties Request" dos Rolling Stones.

Confira clicando abaixo... sonzaço!!





"Macumba" fêz tanto sucesso que foi regravada mais tarde, na era da discoteque, pelo obscuro grupo Marbooo.




É claro que estourou nas paradas de sucesso mundial, pois Macumba boa é a que vem lá de Minas (mineiro e macumbeiro tem em todo lugar do mundo)! Com um arranjo maravilhoso, bem funkeada, com baixão, violinos e chimbal puxadaço! Escutem e dancem! Vale tudo (só não pode incorporar!) e nem colocar prá tocar durante a gira!
Confira "Macumba" na versão Disco:

Monday, September 13, 2010

XII Congresso Afro-brasileiro de Uberlândia

Cerca de 800 pessoas estiveram presentes em cada dia do XII Congresso de Uberlândia que a cada ano está cada vez mais organizado e atraindo mais e mais gente do "santo" de todo o Brasil. Agradecemos especialmente ao nossos filhos Eliton e Alessandro por mais essa oportunidade.


Todas as tradições estiveram presentes!





Mestre Aramaty palestrando

Clique abaixo e escute a entrevista com Mestre Aramaty para a rádio municipal de Uberlândia:
























Grandes Alabês de Uberlândia, ajudando em nossa palestra! Obrigado a todos!




Obashanan

Transmissão e educação nos terreiros. Quase tudo se transmite pelo axé do toque, do canto, da dança e das invocações. Tambor é comunicação!

Com Pai Élcio de Oxalá


Casa cheia. Bateu no tambor, o povo vem!
Clique abaixo e escute a entrevista do Obashanan para a rádio municipal de Uberlândia:















Thursday, September 09, 2010

XII Congresso das Tradições Afro-brasileiras

Fomos convidados, mais uma vez, desta vez com nosso irmão Aramaty, a participar do XI Congresso das Tradições Afro-Brasileiras, na cidade de Uberlândia - MG. Será no dia 10 de setembro, às 21:30, no Center Convention de Uberlândia.

Agradecemos a direção do evento e a todos os amigos pela grata honra dessa participação!

Ayan Irê Ô!