Sunday, July 29, 2007

Batuques e Pontos de Macumba – 1950


Batuques e Pontos de Macumba – LP – Odeon – 1950

Com Sussú e João da Baiana

1.Acorda, acorda; 2. João da Baiana no seu terreiro; 3.O Cachimbo da Vovó; 4.Nanan Boroquê; 5.Capaxá de Umbanda; 6.Amalá de Xangô; 7.Ogun Rondeiro;

Sussu e João da Baiana foram dois expoentes pioneiros na gravação da música umbandista. Já colocamos outros discos dos dois intérpretes aqui no acervo e não é preciso dizer da capacidade, do cuidado e da alegria que se ouve nas 7 faixas deste disco, uma compilação interessante dos discos solo que são da mesma época (anos 40/50).
Talvez este LP tenha sido uma tentativa de acender e movimentar o recém inaugurado mercado dos Lps em 33 rotações que estavam surgindo. Na parte musical, os músicos são excelentes, executando sambas ainda vinculados aos Congos de Ouro e Cabulas dos terreiros cariocas.

Este é um disco raríssimo, quase impossível de se encontrar e faz parte daqueles discos de umbanda com “capas politicamente incorretas”, pois como os irmãos podem ver, mostra o sacrifício de um galo, o que produz uma expectativa infundada sobre o que se encontra na parte sonora e a foto deve ter sido escolhida por causa da letra da faixa 6, de João da Baiana, “Amalá de Xangô”, que diz a certa altura: “Obinrin, meu Obé que tu levou, foi Xogum que apanhou, prá matar Akikó Cocorôcô. E cadê o o Akikó que tu matou?”. Aqui, uma mistura de Yorubá com português. Obinrin significa filha, Obé, faca, Xogum – de Axogun, é o ogã responsável pelos sacrifícios rituais – e Akikó, galo.

Aliada a cena da capa ao nome “Macumba” – que significa tambor, mas que adquiriu mais tarde uma conotação pejorativa – deve ter arrepiado de medo, na época, muita gente preconceituosa com as coisas do santo. Há ainda um outro disco igualmente raro (que conta com a presença do grande Ataulfo Alves) com a mesma sequência de fotos, com a mesma mãe de santo, mostrando uma cena ainda mais forte. Cabe aos irmãos julgar, nos dias de hoje, a valia e a importância desta seqüência histórica de fotografias que foram usadas nestes excelentes trabalhos.


Para ouvir a faixa 2, "João da Baiana no seu terreiro", clique abaixo:

6 comments:

Anonymous said...

Que os Orixás lhe iluminem sempre, por esse e por outros trabalhos!!!
esclarecendo o que talvês hoje em dia não seria colocado em capas de LPS.

Yan Kaô (Obashanan) said...

Mas a discussão é: será por preconceito, ou por simples estética??? O que é permitido a nós umbandistas expressarmos em termos de ritual abertamente?

Adriano Oliveira said...

O disco em que Ataulfo Alves participa foi reeditado em 1968 com o título "Em tempo de macumba", e pode ser facilmente encontrado para download na web

HUMOR À ARTE Grupo Teatral said...

Bom dia Ayom !!
Meu nome é Nilson e eu sou neto do "Sussú" dos discos (Preto Velho, Rei do Congo e Batuques e Pontos de Macumba)Tenho aqui mais um disco que não tem em nenhum acervo , o nome do disco é (TEM MIRONGA de 1967)se vcs quiserem acrescentar ao acervo tenho maior prazer em ajudar .

Yan Kaô (Obashanan) said...

Oi Nilson, gostaríamos muito de receber esse disco!! Por favor nos escreva em ayom77@gmail.com para combinarmos a forma de concretizarmos isso!!

Abraço!!

RADIUMBANDA said...

Gostaria de saber como faço para adquirir um exemplar deste disco, pois gostaria de tocá-lo na www.radiumbanda.com.br

Não tenho nenhuma intenção de disponibilizar para download, o interesse único é divulgar na rádio!

Meu nome: Elizeu de Souza Lulú

e-mail: radiumbanda@gmail.com

Abraços e parabéns pelo excelente trabalho que realizas.