Rita Ribeiro – Tecnomacumba CD – (Biscoito fino - 2006)
01. Saudação - Abertura; 02. Domingo; 03. Cavaleiro de Aruanda; 04. Babá Alapalá; 05. Oração do Tempo; 06. A deusa dos Orixás; 07. Iansã; 08. Rainha do Mar; 09. É d´Oxum; 10. Coisa da Antiga; 11. Cocada; 12. Jurema; 13. Tambor de Crioula; 14. Canto para Oxalá;
01. Saudação - Abertura; 02. Domingo; 03. Cavaleiro de Aruanda; 04. Babá Alapalá; 05. Oração do Tempo; 06. A deusa dos Orixás; 07. Iansã; 08. Rainha do Mar; 09. É d´Oxum; 10. Coisa da Antiga; 11. Cocada; 12. Jurema; 13. Tambor de Crioula; 14. Canto para Oxalá;
Rita Ribeiro fêz, com este disco, um trabalho importantíssimo para o resgate e valorização da música de terreiro, objetivando, assim como fêz Bethânia em Brasileirinho a verdade sobre as origens de nossa música. Pois nos dias de domínio ditatorial da música imposta pelo americano, onde programas populares assumem abertamente a linguagem evangélica (recheando com estruturas gringas e trejeitos oriundos das ridículas, pré-fabricadas e tôscas maneiras de se "louvar") no intuito de enganar o Brasil, mostrando como excelentes, vocalistas que adoram cantar subindo e descendo a mãozinha, tal e qual a cobra do Gênesis, Rita Ribeiro nos lembra que existe uma escola e uma maneira brasileira de se cantar. Faz algum tempo que venho ouvindo com curiosidade e agrado uma voz de mulher que impressiona pela firmeza, pela limpeza do som, pela naturalidade da afinação. É uma voz que ouvi primeiro casualmente no rádio do carro e que sempre me fez parar para atentar e me perguntar: quem é essa cantora que tem a emissão lisa (sem vibratos) mais impressionante que ouvi em muito tempo? De quem é essa voz encorpada e delicada, de quem são esses glissandos seguros e de grande efeito experimental sem sombra de vulgaridade?
Aprendi o nome de Rita Ribeiro ao encontrar as respostas a essas perguntas. Agora, em parte num movimento de buscar usos significativos para suas invenções vocais, Rita desenvolveu esse projeto a que deu o nome de Tecnomacumba. Os cantos e toques das religiões afro-brasileiras e sua sintonia com os ritmos desenvolvidos no uso de instrumentos eletrônicos. O resultado é rico, honesto e sugestivo.
O disco é um produto de nível profissional impecável, uma prova de que o Brasil anda com as próprias pernas. As combinações rítmicas e timbrísticas das programações eletrônicas com os instrumentos tocados por gente são equilibradas.
O repertório é uma antologia de composições sobre o tema das religiões africanas no Brasil - sempre emolduradas por cantos saídos diretamente dessas práticas religiosas. Às vezes somos levados a nos perguntar coisas como, por exemplo, se o canto sobre Tempo ecoa as lavadeiras de Monsueto ou se o samba de Monsueto é que foi tirado daquele canto. Assim, há um rendado de motivos, uma rede de lembranças e referências que dão uma textura interna especial ao trabalho. O resultado fica mais para um pop elegante, em que uma boa banda de acompanhamento é temperada por sons tecno, do que para um mergulho radical no mundo dos batuques e da eletrônica. Mais uma vez, o que ressalta é a voz de Rita, sua segurança simpática (isso não é fácil nem freqüente), seu timbre cheio, seus ornamentos chiques porque personalíssimos, sua nobreza maranhense. Esse disco tem um futuro intrigante e pode vir a dizer mais do que parece agora. Vamos ouvir e esperar.
Aprendi o nome de Rita Ribeiro ao encontrar as respostas a essas perguntas. Agora, em parte num movimento de buscar usos significativos para suas invenções vocais, Rita desenvolveu esse projeto a que deu o nome de Tecnomacumba. Os cantos e toques das religiões afro-brasileiras e sua sintonia com os ritmos desenvolvidos no uso de instrumentos eletrônicos. O resultado é rico, honesto e sugestivo.
O disco é um produto de nível profissional impecável, uma prova de que o Brasil anda com as próprias pernas. As combinações rítmicas e timbrísticas das programações eletrônicas com os instrumentos tocados por gente são equilibradas.
O repertório é uma antologia de composições sobre o tema das religiões africanas no Brasil - sempre emolduradas por cantos saídos diretamente dessas práticas religiosas. Às vezes somos levados a nos perguntar coisas como, por exemplo, se o canto sobre Tempo ecoa as lavadeiras de Monsueto ou se o samba de Monsueto é que foi tirado daquele canto. Assim, há um rendado de motivos, uma rede de lembranças e referências que dão uma textura interna especial ao trabalho. O resultado fica mais para um pop elegante, em que uma boa banda de acompanhamento é temperada por sons tecno, do que para um mergulho radical no mundo dos batuques e da eletrônica. Mais uma vez, o que ressalta é a voz de Rita, sua segurança simpática (isso não é fácil nem freqüente), seu timbre cheio, seus ornamentos chiques porque personalíssimos, sua nobreza maranhense. Esse disco tem um futuro intrigante e pode vir a dizer mais do que parece agora. Vamos ouvir e esperar.
Para ouvir a faixa 07, "Iansã", clique abaixo:
3 comments:
Já que estamos em 2009, você deve conhecer um pouco mais o trabalho de Rita, não é mesmo? Ela realmente é fantástica e, depois de Clara Nunes, é a cantora que, na minha opinião, veio para ficar no cenário afro-brasileiro, apesar de só ter lançado este trabalho com essa temática. Aguardemos então os próximos...
Acho que nessa lista ainda se inclui a Maria Bethânia, Ulisses, que fêz um trabalho maravilhoso em "Brasileirinho" eo Carlinhos Brown, com "Candombless", que em breve iremos postar aqui, um trabalho de respeito com a música de terreiro tendo mais importância que os acréscimos eletrônicos. A carta forte da Rita é que ela modernizou a cara da música de terreiro numa direção que não encontra conflitos com o rock, com a mpb e com os ritmos afro-brasileiros. A mulé é gênia e não acho que ela deva ficar presa ao rótulo e à estética macumbística não, pois nós não somos impositivos nem impostores como são os evangélicos e sua música. A música dos umbandistas sempre se conectou sem conflitos com a música popular e acho que é assim que ela deve permanecer. Á nossa rainha, Clara Nunes assim o fêz com muita propriedade e tranquilidade, trabalhando muito mais o imaginário e a atmosfera da religião do que impondo impiedosamente a doutrina através da música. Finalizando, Rita Ribeiro e Clara são bem diferentes e isso é muito bom. Prá música brasileira e prá toda nossa "Banda".
Ayan Irê Ô!
Nossa, o trabalho dessa artista é maravilhoso..essa mistura de músicas da religião afro com o instrumental fico de um bom gosto incrível...parabéns\!!!
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