Friday, January 25, 2008

Cânticos de Umbanda - 1.o festival de música afro-brasileira da corrente da rosa vermelha - 1978


Cânticos de Umbanda - 1.o festival de música afro-brasileira da corrente da rosa vermelha - Cânticos de Umbanda - LP - DJ produções - 1978

01.Deusa Encantada; 02.Vovó Juventina; 03.O galo Cantou; 04.Ogum, Oxum e Iansã; 05.me tira dessa poça; 06.Colhendo rosas da Jurema; 07.Caboclo Relâmpago; 08.Lindo cocar de caçador; 09.mandinga de velho; 10.Caboclo Cipó; 11.Iemanjá, Ogum Beira Mar; 12.proteção dos orixás; 13.Saudação ao povo afro-brasileiro; 14.Verdades;

Mais de 40 terreiros participam deste disco maravilhoso. Pontos de louvação com instrumental de samba e ritmos de terreiro, Ijexás, Cabulas, Congos de Ouro. Músicos de primeira, composições realmente inspiradas, verdadeiros hinos sinceros de agradecimento ao astral. Todos os vocalistas são realmente impressionantes. Ouvimos muitos cânticos deste LP sendo entoados em terreiros pelo Brasilm afora e, sinceramente, não destoaram em nada nos rituais. Mas eram os anos 70 e naquela época os compositores de terreiro eram movidos pela fé e não pela grana e pela vaidade de serem notados em seus pequenos núcleos e comunidades. Que voltem esses tempos e que discos maravilhosos como este aconteçam com mais frequência.
Para ouvir a faixa 04, Ogum, Oxum, Iansã, clique abaixo:




Monday, January 21, 2008

Mestre Pastinha/Mestre Bimba - provavelmente anos 40 (mestre Bimba) e anos 60 (Mestre Pastinha)


Mestre Pastinha/Mestre Bimba - LP - Gravadora desconhecida - Provavelmente anos 60


01.Dim, dim, dim; 02.Ferro de bater; 03.Água de beber; 04.Aruandê; 05.Maior é Deus; 06.Eu já vivo enjoado; 07.Bê a bá do berimbau; 08.Eu vou levar meu abc; 09.Eu nasci prá capoeira;


Mestre Pastinha

Vicente Ferreira Pastinha nasceu em 1889, filho do espanhol José Señor Pastinha e de Dona Maria Eugênia Ferreira. Seu pai era um comerciante, dono de um pequeno armazém no centro histórico de Salvador e sua mãe, com a qual ele teve pouco contato, era uma negra natural de Santo Amaro da Purificação e que vivia de vender acarajé e de lavar roupa para famílias mais abastadas da capital baiana.


Menino ainda, Mestre Pastinha conheceu a arte da capoeira com apenas 8 anos de idade, quando um africano que chamava carinhosamente de Tio Benedito, ao ver o menino pequeno e magrelo apanhar de um garoto mais velho, resolveu ensinar-lhe a arte da Capoeira. Durante três anos, Pastinha passou tardes inteiras num velho sobrado da Rua do Tijolo, em Salvador, treinando golpes como meia-lua, rasteira, rabo-de-arraia e outros. Ali aprendeu a jogar com a vida e a ser um vencedor.


Viveu uma infância feliz, porém modesta. Durante as manhãs freqüentava aulas no Liceu de Artes e Ofício, onde também aprendeu pintura. À tarde, empinava pipa e jogava Capoeira. Aos treze anos era o moleque mais respeitado e temido do bairro. Mais tarde, foi matriculado na Escola de Aprendizes Marinheiros por seu pai, que não concordava muito com a vadiagem do moleque. Conheceu os segredos do mar e ensinou aos colegas as manhas da Capoeira.


Aos 21 anos voltou para o centro histórico, deixando a Marinha para se dedicar à pintura e exercer o ofício de pintor profissional. Suas horas de folga eram dedicadas à prática da Capoeira, cujos treinos eram feitos às escondidas, pois no início do século esta luta era crime previsto no Código Penal da República.


Em fevereiro de 1941, fundou o Centro Esportivo de Capoeira Angola, no casarão n.º 19 do Largo do Pelourinho. Esta foi sua primeira academia-escola de Capoeira. Disciplina e organização eram regras básicas na escola de Mestre Pastinha e seus alunos sempre usavam calças pretas e camisas amarelas, cores do Ypiranga Futebol Clube, time do coração do mestre.


Mestre Pastinha viajou boa parte do mundo levando a Capoeira para representar o Brasil em vários festivais de arte negra. Ele usava todos os seus talentos para valorizar a arte da Capoeira. Fazia versos e chegou a escrever um livro, Capoeira Angola, publicado em 1964, pela Gráfica Loreto. Trabalhou muito em prol da Capoeira, divulgou a arte o quanto lhe foi possível e foi reconhecido por muitos famosos que se maravilharam com suas exibições. Aos 84 anos e muito debilitado fisicamente, deixou a antiga sede da Academia para morar num quartinho velho do Pelourinho, com sua segunda esposa, Dona Maria Romélia e a única renda financeira que tinha era a das vendas dos acarajés que sua esposa vendia. No dia 12 de abril de 1981, Pastinha participou do último jogo de sua vida. Desta vez, com a própria morte. Ele, que tantas vezes jogou com a vida, acabou derrotado pela doença e pela miséria. Morreu aos 92 anos, cego e paralítico, no abrigo D. Pedro II, em Salvador, numa sexta-feira, 13 de Novembro de 1981, vítima de uma parada cardíaca que, no estado frágil em que se encontrava, foi fatal. Pequeno e notável em sua arte, Mestre Pastinha nos deixou seus ensinamentos de vida em muitas mensagens fortes e inesquecíveis como esta: "Ninguém pode mostrar tudo o que tem. As entregas e revelações tem que ser feitas aos poucos. Isso serve na Capoeira, na família e na vida. Há momentos que não podem ser divididos com ninguém e nestes momentos existem segredos que não podem ser contados a todas as pessoas."


Na Capoeira de Angola, vale mais a astúcia do que a força muscular. O método de Pastinha, ensinado regularmente desde 1910, consiste em golpes desferidos quase que em câmara lenta. O capoeirista fica a maior parte do tempo com o corpo arqueado e sua ginga é de braços soltos, relaxados, porque a tática era se fazer de fraco diante do oponente. Os golpes não tem pressa de chegar, mas quando chegam o fazem de forma harmoniosa. Muitas pessoas que conheceram a Capoeira Angola acham que ela é menos violenta, pois os golpes são desferidos em câmera lenta, mas às vezes chega a ser mais perigosa que a Capoeira Regional. Como Mestre Pastinha dizia: "Capoeira Angola é, antes de tudo, luta e luta violenta."

Mestre Bimba

Em 23 de Novembro de 1900, início de um novo século, no Bairro de Engenho Velho, Freguesia de Brotas, em Salvador, Bahia, nascia Manoel dos Reis Machado, o MESTRE BIMBA. Seu apelido ele ganhou logo que nasceu, em virtude de uma aposta feita entre sua mãe e a parteira. Sua mãe, dona Maria Martinha do Bonfim, dizia que daria luz à uma menina. A parteira afirmava que seria homem. Apostaram: perdeu dona Maria e o filho, Manoel, que ganhou o apelido que lhe acompanharia pela vida inteira: Bimba, um nome popular do órgão sexual masculino.


Seu pai, Luís Cândido Machado, já era citado nas festas de largo como grande "Batuqueiro", como Campeão de "Batuque", "a luta braba, com quedas, com a qual o sujeito jogava o outro no chão". De 1890 a 1937, a Capoeira foi crime previsto pelo Código Penal da República. Simples exercícios nas rua davam até seis meses de prisão. Aos 12 anos de idade, Bimba, o caçula de Dona Martinha, iniciou-se na Capoeira, na Estrada das Boiadas, hoje o grande bairro negro Liberdade. Seu mestre foi o africano Bentinho, Capitão da Companhia de Navegação Baiana.


Nesse tempo a Capoeira ainda era bastante perseguida e Bimba contava:"Naquele tempo Capoeira era coisa para carroceiro, trapicheiro, estivador e malandros. Eu era estivador, mas eu fui um pouco de tudo. A Polícia perseguia um capoeirista como se persegue um cão danado. Imagine só que um dos castigos que davam a capoeiristas que fossem pegos brigando, era amarrar um punho num rabo de cavalo e o outro em cavalo paralelo, os dois cavalos eram soltos e postos a correr em disparada até o Quartel. Comentavam até, por brincadeira, que era melhor brigar perto do Quartel, pois houve muitos casos de morte. O indivíduo não agüentava ser arrastado em disparada pelo chão e morria antes de chegar ao seu destino: o Quartel de Polícia."

A essa altura, Bimba começou a sentir que a Capoeira que ele praticava e ensinou por bom tempo, tinha se folclorizado, assim como a Bahia, que degenerou-se e passou a servir de "prato do dia" para "pseudo-capoeiristas", que utilizavam a Capoeira unicamente para exibição em praças, e, por ter eliminado seus movimentos fortes, mortais, deixava muito a desejar em termos de luta. A "pantomima" se fazia altamente necessária a esse tipo de jogo para "inglês ver". O capoeirista se tornou um folclórico em demasia, sem a verdadeira malícia e eficiência técnica que uma luta como a Capoeira exigia. Foi para reverter esse quadro que Bimba criou a Capoeira Regional, aproveitando-se de golpes do "batuque", luta da qual seu pai foi campeão, do Jiu-jítsu e do Boxe, e criou um método de ensino. Para fugir de qualquer pista que lembrasse a origem marginalizada da Capoeira, mudou alguns movimentos, eliminou a malícia da postura do capoeirista, colocando-o em pé e criou um código de ética rígido que exigia até higiene, estabeleceu o uniforme branco e se meteu até na vida privada dos alunos.

Teve o cuidado de retirar a palavra "Capoeira" do nome da academia que fundou em 1932 em Salvador, o "Centro de Cultura Física e Luta Regional". O resultado é que, a partir daí, a Capoeira começou a ganhar alunos da classe média branca e, também, a se dividir. Até hoje Angoleiros e Regionais criticam-se mutuamente, embora se respeitem. Os primeiros se consideram guardiões da tradição, enquanto os outros acham que a Capoeira "deve evoluir". Mas, com isso, Mestre Bimba deu ares atléticos ao jogo e atraiu as mulheres, até então excluídas das rodas. O jogo que Mestre Bimba criou é um jogo mais rápido, em que os capoeiristas jogam de pé, não jogando tanto no chão quanto na Capoeira Angola.

Este disco nos foi enviado por um grande amigo baiano, não possui rótulo e provavelmente trata-se de uma prensagem independente de outras edições. Um disco maravilhoso com registros importantíssimos destas duas lendas da arte marcial brasileira.

Para ouvir a faixa 03, de Mestre Bimba, "Água de beber", clique abaixo:





Para ouvir a faixa 05, de Mestre Pastinha, "Maior é Deus", clique abaixo:


Thursday, January 17, 2008

Baianinha - Umbanda - Força Maior - 1982?



Baianinha - Umbanda - Força Maior - LP - Beverly - 1982 (provavelmente gravações dos anos 60)

01.Marinheiro de Aruanda; 02.Oxossi Rei da Mata; 03.Venho de Aruanda; 04.Caboclo Ubirajara; 05.Mãe Maria Conga; 06.Canto de Fé; 07.Força dos Orixás; 08.Força Maior; 09.Festa na Beijada; 10.Inhassã; 11.Saravá Pai Joaquim; 12.Canto da Sereia;
Baianinha foi uma das maiores intérpretes da música de terreiro. Gravou poucos discos, mas marcou a Umbanda com sua voz segura e o registro de pontos de raiz e de louvação que são até hoje entoados. Neste disco, Baianinha, com sua voz cristalina chega a emocionar em algumas faixas. Uma delas, "Canto da Sereia" foi por nós selecionada, tamanha a sua beleza. Bem diferente de seu outro disco, onde uma banda a acompanha, aqui a parte percussiva é simples: dois atabaques tocados em uníssono, uma cabula leve, e um agogô suave ao fundo, compõem uma maravilhosa estrutura climática que dá a base necessária a esta maravilhosa e esquecida cantora. A exemplo de Aparecida, quem souber mais alguma coisa de Baianinha, nos informe aqui no Ayom...

Para ouvir a faixa 12, "Canto da Sereia", clique abaixo:

Kitabu - Nei Lopes


Um dos livros basilares para a compreensão da formação da mentalidade e do pensamento religioso no Brasil. Mestre Nei Lopes conseguiu esmiuçar detalhes sobre toda a filosofia africana ainda existente em nossas terras através, muito mais do comportamento e de atividades quotidianas e rituais. Com um texto fácil, seguro e incontestável, Nei Lopes concebeu uma verdadeira obra prima que deveria constar como obrigatória para escolas, faculdades e mesmo terreiros de todas as matizes da "Banda"...


Salve Mestre Nei Lopes!


Para saber mais e pedir o livro, visite:


Wednesday, January 16, 2008

Aparecida - Samba Afro-Axé - 1996/2000

Capa edição 1996


Capa edição 2000

Aparecida - Samba Afro Axé/O samba de Aparecida - CD - CID - 1996/2000
01.Boa Noite; 02.17 anos; 03.Lágrimas de Oxum; 04.Meu São Benedito; 05.Diongo Mundiongo; 06.Vovó Catarina; 07.Grongoiô Popoiô; 08.A Maria Começa a beber; 09.Tereza Aragão; 10.Rosa para Iansã; 11.Tributo às almas/Santo Antônio de Pemba; 12.Todo mundo é preto; 13.Terreiro de Mãe Nazinha; 14.Nanã Boruquê;
Encerrando a saga "Aparecida", aqui está a última coletânea da cantora, que a gravadora CID relançou em 2000 com outro nome, tentando a todo custo adaptar seu "produto" aos novos tempos, seja na fase da "Axé Music", seja na fase do samba novo, de pagodes "evangelizados" e outras lamentáveis modernidades... mas Aparecida sempre estará acima de tempos e modismos, sua música expressará sempre a pureza da relação salutar entre terreiro e celebração, entre fé e alegria... mais uma vez, salve salve, Aparecida!!
Para ouvir a faixa 12, "Todo mundo é preto", clique abaixo:




Aparecida - Os deuses afros - 1978


Aparecida - Os Deuses Afros - LP - 1978

01.Os deuses afros; 02.Aruê; 03.Diongo, Mundiongo; 04.Tereza Aragão; 05.Talunde; 06.Se segura Zé; 07.A Maria começa a beber; 09.Terreiro de Mãe Nazinha; 10.Nanã Boroquê; 11.Melodia não deixa Parada de Lucas; 12.Inferno Verde; 13.Grongoiô, popoiô; 14.Lágrimas de Oxum;

A obra de Aparecida tinha tanta qualidade que a gravadora sobreviveu durante anos lançando coletâneas de seus discos. Esta é mais uma coletânea, com músicas que não fizeram tanto sucesso, e outras que estouraram e se tornaram verdadeiros mitos, como "Tereza Aragão" e "A Maria começa a beber".

Para ouvir a faixa 01, "Os deuses afros", clique abaixo:



Tuesday, January 15, 2008

Os Grandes sucessos de Aparecida - 1977


Os grandes sucessos de Aparecida - LP - Cid - 1977

01. Boa noite; 02.Meu São Benedito; 03.17 Anos; 04.Rosa para Iansã; 05.Todo mundo é preto; 06.Segredos do mar; 07.Mareia Oxum; 08.Saravá, saravá, Bahia; 09.Vovó Catarina; 10.Proteção; 11.Tributo às almas; 12.Santo Antônio de Pemba;

Talvez o disco mais conhecido de Aparecida, que conta com as músicas que fizeram sucesso radiofônico na época, acrescidas das duas primeiras faixas de sua carreira, que constam de uma coletânea do início dos anos 70. O disco, impecável, uma pérola negra, minha gente!!


Para ouvir a faixa 01, "Boa Noite", clique abaixo:




Sunday, January 13, 2008

Carolina Soares - 1990

Carolina Soares - CD - Independente - 1990

01. Eu já vivo enjoado; 02. A Hora é essa; 03. Lei Áurea; 04. As Vezes me chamam de negro; 05. Saudades de Bimba; 06. Marinheiro Só; 07. A Arte de CARIBE; 08. Paranauê; 09. Maculelê; 10. Puxada de Rede; 11. Samba de Roda; 12. Toques de Berimbau;
Carolina Soares nasceu na cidade litorânea de Santos, São Paulo, em 14 de outubro de 1979. Muito cedo, porém, mudou-se com seus pais para Iguape, onde foi criada em meio aos costumes desta região simples, cercada por antigos quilombos. Deve-se a isso, talvez, o seu jeito caiçara de ser. Filha de pai negro e mãe branca, seus traços genéticos tornam visível essa mistura de raças, com destaque para a voz, que herdou o timbre forte e a musicalidade do lado afro. Sua primeira experiência com o público se deu aos dezesseis anos de idade, ainda na cidade de Iguape, onde cantou acompanhada por uma banda local.
Em 1988 foi viver em São Paulo. Em setembro deste mesmo ano conheceu a Revista Capoeira, primeira revista de capoeira editada no Brasil (e considerada a primeira do mundo, no gênero) do editor Adriano Chediak. A partir daí, sua vivência com o mundo da Capoeira teve início e foi se aprofundando: percorria as “rodas“ e os grandes eventos, conhecia os mestres e os capoeiristas. Surgiu, então, o projeto para lançar o primeiro CD, Músicas de Capoeira, com todas as faixas cantadas por uma mulher, ela, a escolhida. O sucesso foi imediato. Em conseqüência, Carolina tomou algumas aulas de canto e, dois anos depois, gravou o segundo cd - Músicas de Capoeira, vol.II -, também sucesso absoluto de mercado, trazendo quatro composições de sua autoria. Aproveitando o intervalo de gravação entre os dois primeiros cds, Carolina Soares se aprofundou na pesquisa sobre o verdadeiro Samba, cantando já com a sua própria banda, formada com músicos da velha guarda do samba de São Paulo e da Jovem Guarda da Bateria da Escola de Samba Vai-Vai.
Em 2004, no Dia Nacional do Samba que aconteceu no Teatro Sérgio Cardoso (SP), Carolina Soares foi aplaudida pela velha Guarda do Samba Paulista, com seu trabalho reconhecido e aceito. Destacando-se a cada ano no mercado fonográfico da Capoeira e do Samba, a cantora foi convidada a participar de várias comunidades de samba, levando para os jovens sua arte que procura resgatar o nosso ritmo brasileiro. Carolina Soares reside em São Paulo, de lá só sai para percorrer o Brasil, fazendo shows de Samba e Capoeira. Este seu disco de estréia é muito bom, bem gravado e Carolina canta muito bem. Há algo estranho na execução do músico que toca o agogô em algumas faixas, com relação ao tempo das músicas, mas não compromete o trabalho final. Além disso, é muito bom ver um disco de capoeira moderno com a intenção inovadora que ele traz.
Para ouvir a faixa 4, Maculelê, clique abaixo:


Viva Bahia - Volume 2 - 1968

Viva a Bahia - Volume 2 - LP - Philips - 1968

01.Candomblé de Kêto; 02.Samba de Roda; 03.Capoeira;
Criado em 1962, o Conjunto Folclórico da Bahia nasceu com o objetivo de despertar o interesse de estudantes pela música popular, através de pesquisas e realizações artísticas sem abandonar o aspecto da espontaneidade e autenticidade, tão importantes no folclore. O grupo foi pioneiro no estado da Bahia, supervisionado e orientado pela professora Emília Biancardi Ferreira e era constituído de estudantes de vários estabelecimentos de ensino médio da Secretaria de Educação e Cultura do Estado. O disco, gravado em mono e captado de modo amador possui problemas sérios de nitidez no que se refere aos timbres dos instrumentos e mesmo à limpeza dos corais. Mas é um belíssimo disco - raríssimo -, e junto ao seu antecessor, resumem bem o contexto da musicalidade baiana na época e mesmo nos dias de hoje. As faixas são únicas, os músicos não dão pausas entre os cânticos e a gravação foi realizada ao vivo e sem cortes no tetro Castro Alves. O Alabê principal, pelo jeito de cantar e tocar, provavelmente é o mestre Vadinho do Gantois, inconfundível. No disco - como sempre - não constam os nomes dos músicos.

Para ouvir o excerto da faixa 01, "Oyá", clique abaixo:

Wednesday, January 09, 2008

Aparecida - Cantigas de fé - 1978


Aparecida - Cantigas de Fé - LP - CID - 1978

01.Oxum Maré, cadê você?/Caô Arô Odaiá/Ogum Xoroquê; 02.Xangô Daniel/O jogador de pião; 03.Dô, dô, rô/hoje tem alegria; 04.Renata Lú/Malembe Oxum; 05.Aos Orixás/Cristo nasceu; 06.Ajiberum, Salubá, Odaiá/Prece a Iemanjá;

Talvez este seja o disco mais explicitamente "makumbístico" de Aparecida. As faixas possuem vários temas sem interrupção, no melhor estilo de xirê de terreiro, onde uma cantiga vem atrás da outra, interligadas apenas pelas palmas dos médiuns. E a banda, incrivelmente precisa, limpa e impecável na execução de sambas e jongos tocados com energia e espontaneidade. Além disso, os temas e a interpretação são maravilhosos, ela, solene, tratando o clima ritual como somente uma filha de orixá faria, com tom respeitoso e soberania na voz. Um disco emocionante!! Salve Aparecida!!

Para ouvir a faixa 05, "Aos Orixás/Cristo Nasceu", clique abaixo:


Sunday, January 06, 2008

Obá Kawô: Sua real majestade - 1993


Obá Kawô: Sua Real Majestade - LP - Cáritas - 1994

01.Obá Coba Penaô; 02.bara ê ti Boasé; 03.Ê mo dô bi; 04.Saorô ginguin; 05.Obá Padewalonan; 06.Au-ra Ure; 07.Arelê o Bacowao; 08.Obá Alafim; 09.Obá Seré; 10.Ya masse Malé; 11.Obá Dodê; 12.Adupé; 13.Adupé Ni mobá; 14.A um bobo o luwo;

Alabês: Arodobi, Nil, Regivaldo Paul e Dú;

Coro: Oroniundebê, Rosângela D'Oxum, Geni d'Obaluaiê, Keminsudan, Arlet D'Ewá, Ekedi Isabel, Thaís d'Oxum, Ekedy Fabiana, Toninho de Oxum.

Apesar da parte gráfica possuir alguns erros, "Majestade" está escrito com "G" na capa, além de outros erros na tradução das músicas, o disco, na parte musical foi feito com carinho e cuidado. Se existem problemas são na captação dos instrumentos e na produção dos corais - algumas vozes desafinam muito e percebe-se uma certa insegurança, talvez fruto de inexperiência no estúdio - mas é um trabalho agradável, com algumas cantigas poucas vezes ouvidas nos cantos de terreiro.

Para ouvir a faixa 07, "Arelê o Bacowao", clique abaixo:


Saturday, January 05, 2008

Cavaleiro de Aruanda - 1972


Ronnie Von - Cavaleiro de Aruanda - LP - Polydor - 1972

01.Cavaleiro de Aruanda; 02.Tempo de acordar; 03.Veja com os olhos de ver: 04.Eu era humano e não sabia; 05.Camping; 06.Aquela mesma canção; 07.E essa gente passa cantando; 08.Hare Krishna; 09.Tereza Cristina; 10.Rock pro meus nervos; 11.Céu vermelho; 12.Ninguém vai me segurar;
Nasceu em Niterói (RJ) e teve uma infância e adolescência normais de um jovem de classe média. Nos anos 60 participou de programas de calouros interpretando músicas dos Beatles. Em seguida gravou um compacto com "You've Got to Hide Your Love Away" e "Meu Bem", versão de "Girl", ambas de Lennon e McCartney. Outros sucessos foram "Pequeno Príncipe", "A Praça" (Carlos Imperial) e "Escuta, Meu Amor" (Arnaldo Sacomani). Desde então tornou-se um ídolo da juventude, sendo apresentador, em 1966 do programa O Pequeno Mundo de Ronnie Von, da TV Record. Foi um dos principais cantores e galãs da Jovem Guarda, e continua se apresentando com repertório de músicas românticas e da década de 60.
Um dos mais injustiçados músicos brasileiros, pois lançou excelentes álbuns de vanguarda em sua fase 67-72, influenciando e dando o pontapé inicial ao tropicalismo, projetando os Mutantes e outros mais. Cavaleiro de Aruanda talvez tenha sido um de seus maiores sucessos (só superado, talvez pela breguíssima "Tranquei a Vida", anos mais tarde), gravado na época em que era - segundo algumas fontes - umbandista e médium de um terreiro em São Paulo. Interessante que em suas biografias e mesmo em seu site oficial não há a menção desta música e do estrondoso sucesso que ela fêz na época. A música, em si é excelente, com a banda tocando a todo vapor, bateria (o debut do grande Albino Infantozzi) e percussão em seu limite máximo. Ronnie canta muito bem, apelando para seu timbre mais "Rock'n'roll" - que devido a sua estrutura africana se aproxima sem nenhum problema aos ritmos de terreiro - junto com as maravilhosas vocalistas, numa emocionante homenagem aos caboclos de Oxossi. Apesar de ser a única música do disco declaradamente umbandista, por quase todas as faixas há os atabaques influenciando a atmosfera rítmica do trabalho. Raramente se ouviu Ronnie tão à vontade como nessa faixa. É isso aí!!! Viva a Banda!! Makumba'n'roll neles!!!

Para ouvir a faixa 01, "Cavaleiro de Aruanda", clique abaixo:

Ganga Brasil - 1977


Ruy Mauriti - Ganga Brasil - LP - Som Livre - 1977

01.Festa Crioula; 02.Sete Cavaleiros; 03.Ganga Brasil; 04.Cuando Fubá; 05.A Xêpa; 06.Pai João; 07.Linda Capitã; 08.Tia Mocinha; 09.Conversa Fiada; 10.Ubirajara;


Ruy Maurity nasceu no dia 12 de dezembro de 1949, em Paraíba do Sul (RJ). Sua mãe foi a primeira violinista a integrar a Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal, e seu irmão é o pianista Antonio Adolfo. Aprendeu sozinho a tocar violão.

Em 1970 venceu o Festival Universitário do Rio de Janeiro com a música "Dia cinco", que compôs junto com Zé Jorge. No mesmo ano, gravou seu primeiro LP solo, "Este é Rui Maurity". Foi em 1971 que gravou o seu maior sucesso, “Serafim e seus Filhos”, lançado no LP "Em busca do ouro”. Três anos depois lançou o disco “Safra 74", que teve algumas de suas músicas incluídas nas trilhas sonoras das novelas "Escalada" e "Fogo sobre terra", da TV Globo. Em 76 e 77 lançou, respectivamente, os LPs "Nem ouro nem prata" e "Ganga Brasil", que inclui a gravação do tema principal da novela "Dona Xepa", da TV Globo. Em 1978 gravou o disco "Bananeira mangará”.

Com o tempo foi caracterizando cada vez mais a sua carreira com os temas e músicas regionais e do imaginário de terreiro. Na década de 80 gravou os discos "Natureza" e “A Viola no Peito”. Realizou ainda inúmeros shows em diversas cidades brasileiras. No ano de 98 lançou o CD De coração, distribuído atualmente pela Kuarup, no qual interpreta diversas parcerias com José Jorge.

Como todos os discos de Rui, este é um trabalho extremamente sensível e de bom gosto. Ele consegue resolver com poucas palavras e com simplicidade muito dos sentimentos que se tem ouvindo os cânticos de terreiro. Apesar do grande sucesso deste disco ter sido a música "A Xêpa", quase todas as faixas remontam ao imaginário umbandista. É verdade que Rui sempre se inspirou nas melodias e harmonias dos pontos cantados, um de seus maiores sucessos, "Nem ouro nem prata" trata-se do ponto do Caboclo Aracati, com algumas modificações.

Para ouvir a faixa 02, "Sete Cavaleiros", clique abaixo:

Thursday, January 03, 2008

Aparecida - 1975


Aparecida - LP - CID - 1975

01.Mareia Oxum; 02.Vovó Catarina; 03.Terreiro da Mãe Nazinha; 04.Talundê; 05.Tereza Aragão; 07.A Maria começa a beber; 08.Meu São Benedito; 09.Segredos do mar; 10.Inferno verde; 11.Se segura Zé; 12.Nanã Boroquê;

Maria Aparecida Martins, cantora, compositora... uma voz lendária na música brasileira e umbandista, injustiçada, infelizmente esquecida, e apesar de sua curta carreira, oscilante entre excelentes discos com músicas autorais e relançamentos explorados ao máximo pela gravadora foi um marco pela forma como penetrou na mídia das rádios brasileiras com os temas umbandistas, cantados num misto de samba e jongo, mas sempre com a alma da atmosfera e do imaginário de terreiro.

Ainda criança, interressou-se por música, aprendendo com os mais velhos da família os ritmos dos jongos e dos terreiros. Em 1949, a família mudou-se para o Rio de Janeiro. Por essa época, trabalhou como passadeira em casas de família no bairro de Vila Isabel. Em 1952, já compunha suas primeiras músicas. Pouco tempo depois, Salvador Batista a levou para o programa "A Voz do Morro", incluindo-a em seu grupo como passista, conjunto ao qual atuou por dez anos.

No início da década de 1960, foi convidada a participar do filme "Benito Sereno e o Navio Negreiro", por cuja atuação recebeu de prêmio uma viagem a França, onde se apresentou interpretando, pela primeira vez, suas próprias composições.

Em 1965, voltou ao Brasil e venceu o "Concurso de Música de Carnaval do IV Centenário da Cidade do Rio de Janeiro". Neste mesmo ano, foi também vencedora do "III Festival de Música de Favela", com o samba "Zumbi, Zumbi", representando a favela da Cafúa, de Coelho Neto.

No ano de 1968, compôs "A sonata das matas" para a Escola de Samba Caprichosos de Pilares.

É considerada, depois de Dona Ivone Lara, a segunda mulher a compor um samba-enredo vencedor dentro de uma escola de samba.

Em 1974, participou do LP "Roda de samba". No disco, lançado pela gravadora CID, que reunia Darci da Mangueira, Sidney da Conceição, Sabrina e Chico Bondade, entre outros, gravou pela primeira vez uma composição de sua autoria, "Boa-noite". Neste mesmo ano a gravadora CID lançou o LP "Roda de samba nº 2", no qual interpretou "Proteção" (David Lima e Pinga) e "Rosas para Iansã", de autoria de Josefina de Lima. No disco também participaram Nelson Cavaquinho, Sabrina, Roque do Plá, Rubens da Mangueira e Dida. N

No ano seguinte, também pela CID, lançou o LP "Aparecida", este que aqui apresentamos, no qual interpretou várias músicas suas, como "Talundê" (c/ Jair Paulo), "Tereza Aragão", que mais tarde se tornaria um clássico do samba-rock, "Meu São Benedito", "Inferno verde", "Nanã Boroquê", "Segredos do mar", as duas últimas em parceria com Jair Paulo, e ainda uma adaptação do folclore "A Maria começa a beber". O disco é sua estréia e como sempre, atirou para os dois lados possíveis dentro de sua formação: a inspiração na música secular e na música sacra. Venceu a segunda e mais tarde, em seus outros trabalhos se dedicaria exclusivamente a explorar os temas da música de terreiro.

Em 1976, gravou o LP "Foram 17 anos", lançado pela CID, no qual interpretou várias composições de sua autoria, entre elas "17 anos", "Grongoiô, propoiô" (c/ João R. Xavier e Mariozinho de Acari) e "Diongo, mundiongo".

Em 1977, lançou o disco "Grandes sucessos" (uma coletânea de seus sucessos desde o começo de sua carreira) e nos anos seguintes gravou pela RCA os LPs "Cantigas de fé" (1978), "Os deuses Afros (1978) (outra coletânea) e "13 de maio" (1979), no qual interpretou, além da canção título, "Aleluia Dom Miguel", "Mussy gatana", "Ceará" e "Indeuá matamba", todas de sua autoria.

No ano de 1996, a gravadora CID lançou em CD outra coletânea, "Aparecida, Samba, Afro, Axé", numa tentativa de vender sua imagem e sua temática na época em que estava em alta a música baiana. O mesmo disco seria mais uma vez relançado em 2000, como "O Samba de Aparecida".

Para ouvir a faixa 4, "Talundê", clique abaixo:

Wednesday, January 02, 2008

Os maiores sucessos de Umbanda - 1977


Os maiores sucessos de Umbanda - LP - Imperial - 1977

01.Nem ouro nem prata; 02.Só o ome; 03.Moça bonita; 04.Rainha do Mar; 05.Santo forte; 06.A deusa dos orixás; 07.Boa noite; 08.Conto de areia; 09.Segura etse samba (ogunhê); 10.Oração de Mãe Menininha; 11.Festa de santana; 12.Promessa ao Gantois; 13.A encruzilhada;


Era uma prática comum, nos anos 70, as gravadoras lançarem "versões" dos grandes sucessos da época, feita por grupos ou cantores desconhecidos, ou mesmo por músicos atuantes nos estúdios. Isto era feito para se evitar gastar fortunas com os direitos de intérprete - gastavam apenas com os direitos autorais dos autores das músicas. Assim, o preço do produto final era reduzido, embora o resultado na maior parte das vezes fosse decepcionante, pois quase sempre o consumidor era atraído pelo produto acreditando estar comprando o original e quando chegava em casa, ouvia uma outra banda e uma outra voz. No caso deste disco, temos algumas destas versões, mas há uma ressalva: a execução - principalmente da banda - é impecável. A impressão que se tem é de que usaram as mesmas bases das músicas originais. É claro que não há substituto para nenhum dos cantores originais, tais como Noriel Vilela (Só o ome), Ângela Maria (Moça Bonita)e da rainha Clara Nunes (A Deusa dos Orixás e Conto de Areia), mas o disco tem uma capa belíssima e uma produção muito boa, apesar de, como quase sempre, não ter o nome de nenhum dos músicos em lugar algum do disco.

Para ouvir a faixa 13, "A encruzilhada", clique abaixo: