Wednesday, June 04, 2008

Marku Ribas - Underground - 1972


Marku Ribas - Underground - LP - Philips - 1972
1. Zamba Ben; 2. 5 30 Schoelcher; 3. O Adeus Segundo Maria; 4. N'biri N'biri (Tradicional/Adpt. Marku Ribas) Música tradicional angolana; 5. Porto Seguro; 6. Pacutiguibê Iaô; 7. Madinina; 8. Tira Teima; 9. Matinic Moins; 10. Orange Lady;
Marku Antônio Ribas é gênio, além de mineiro de Pirapora. Dito isso, vale também lembrar que é músico de primeiríssima grandeza. Cantor. Compositor. Violonista. Percussionista. "É samba, é patchanga, é jazz, funk, reisado e batuque...", como descrito na biografia do seu site. Viveu sete anos na Martinica e na Jamaica, encontrando-se muitas vezes com Bob Marley.
Underground de 73, é um clássico pra quem entende da matéria. Com arranjos do maestro Erlon Chaves traz pérolas musicais como a maravilhosa “5,30 Schoelcher”, num arranjo impecável e letra memorável: “… raios solares entram na minha mente, iluminando o coração / e meu espírito contente me mostra a direção do mar…” Se você conhece a letra, só falta agora quebrar a moringa no chão e relaxar. “N’ Biri N’ Biri é nada menos que brilhante adaptação para música do folclore africano. “Pacutiguibê Iaô“ injeta percussão e suingue nos poros, num provável hit em homenagem à Umbanda… saravá! “Matinic Moins” mostra influências de sua estada de 7 anos na Martinica, com a verve latina em ação e guitarrinha a la Santana no final. “Orange Lady” é samba-fruit-rock (sic) com caldo e bagaço pra lá de dançantes e letra que narra um barraco no salão de baile às 3 da matina. Pegou geral!
Mas o destaque é mesmo a praieira “Zamba Ben”, clássico absoluto e verdadeiro hino do samba-rock. Gravada na época da ditadura militar, quase foi vetada pela impiedosa censura da época. Marku compôs a música original sem letra, a fim de usar sua voz como um instrumento. Um dos censores encasquetou com aqueles dialetos indecifráveis e pediu uma letra pra música ser aprovada. Marku escreveu a letra na hora e a música enfim foi liberada. No final, um drible aqui, uma pedalada lá e a música acabou sendo gravada da maneira original mesmo. É o craque a serviço dos bons sons.
Em 1978 gravou pela Philips o LP Barrankeiro, onde registrou de sua autoria "Quem sou eu?", "Maleme" e "A lua e o rio", entre outras, além de "Colcha de retalhos", clássico de Raul Torres, e "Kelé", parceria com João Donato e Djalma Correia. Em 1979 gravou pela Philips o Long Play "Cavalo das alegrias", com destaque para "Beira D'Água", com a participação vocal de Erasmo Carlos, co-autor da música "Maria Mariá", com Walter Queiroz, "Cirandando" e "Balaio da nega" com Armando Pittigliani e "Canção do sal" de Milton Nascimento.
Em 1980 gravou o LP "Mente e coração" pela Philips, com participação especial de João Donato, Ed Maciel, Jotinha e Bira Brasil. Destacam-se no disco as composições "Choro verde", de sua autoria, "Mente e coração", com Carlos Cao Jr, "As vozes não mentem" com Luizão Maia e "Novo dia" de Carlos Cao Jr. e Fatão Ribas. É uma das figuras principais na ópera Alabê de Jerusalém de Altay Veloso. Rodou o mundo sintonizado em novas sonoridades, lançou 12 discos no Brasil, e mais 2 na França. trabalhou com gente como Erlon chaves, Wilson das Neves, João Donato e Erasmo Carlos... abriu show do James Brown em barbados (!!!), gravou com os Stones no álbum "Dirty Work" (85)... viajou pela África, morou na França, no Caribe, tem história esse Marku, nesses 42 anos de carreira... No Brasil, não toca no rádio nem aparece na televisão; a mídia impressa lhe reserva duas ou 3 notinhas por ano. Uma pena. Iluminado, este homem transpira, por detrás de todo suingue, a atmosfera dos terreiros do Brasil numa alegria poucas vezes vista em nossa música...
Para ouvir a faixa 06, "Pacutiguibê Iaô", clique abaixo:


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