01.Obaluaê; 02.O Caboclinho; 03.Iemanjá; 04.Negor Zumbi; 05.Modaruê; 06.Iansã; 07.Africano (Marabú do Senegal); 08.Omulu; 09.Ibeji; 10.Olorum; 11.Orum;
Foi nos longínquos anos 70, quando ainda era criança, me lembro como se fosse hoje: um sábado chuvoso, acordei tarde porque tinha saído de madrugada da gira no terreiro em que militava e liguei a tv na antiga TV Tupi, se não me engano. Lá estava o Carlos Imperial, comandando um novo programa só de Discoteque, o ritmo da época. Carlos Imperial teve um dos programas mais influentes da música pop brasileira na década de 70. Antes, nos anos 60, conduzia o Clube do Rock, que apresentou nomes então desconhecidos como Roberto e Erasmo Carlos, Tim Maia e Jorge Ben. Além de apresentador, ele foi produtor musical, ator, jurado do Chacrinha e até vereador no Rio de Janeiro. Faleceu em 1992.
Foi nos longínquos anos 70, quando ainda era criança, me lembro como se fosse hoje: um sábado chuvoso, acordei tarde porque tinha saído de madrugada da gira no terreiro em que militava e liguei a tv na antiga TV Tupi, se não me engano. Lá estava o Carlos Imperial, comandando um novo programa só de Discoteque, o ritmo da época. Carlos Imperial teve um dos programas mais influentes da música pop brasileira na década de 70. Antes, nos anos 60, conduzia o Clube do Rock, que apresentou nomes então desconhecidos como Roberto e Erasmo Carlos, Tim Maia e Jorge Ben. Além de apresentador, ele foi produtor musical, ator, jurado do Chacrinha e até vereador no Rio de Janeiro. Faleceu em 1992.
Para quem viveu aqueles dias, a Disco invadiu como erva daninha praticamente todas as áreas da música: de Bach ao Jazz, do Rock ao Samba, do Cinema aos quadrinhos (havia até uma super-heroína disco, chamada Cristal. Uma bobagem...) até o grupo de rock Kiss e os Sex Pistols, os inventores da onda Punk que iria ajudar a destruir o movimento dançante se renderam à moda. Tudo, absolutamente tudo, era Discoteque e praticamente todos precisavam flertar um pouco com ela para não serem discriminados ou passarem ao largo da história.
Ora, caros irmãos, até mesmo a Umbanda foi envolvida e Fernando Santos se jogou de cabeça na onda, misturando temas e ritmos dos terreiros ao baticum dançante do movimento das minorias de Los Angeles surgido nos Estados Unidos no início dos anos 70. E foi com a mesma sensação estranha que tive quando vi, na minha infância, ao vivo, o Fernando Santos rebolando de branco na minha TV preta e branca (na verdade mais preta do que branca devido a algumas válvulas queimadas), que encontrei, no milagroso You Tube, essa raridade que agora trazemos até vocês.
Carlos Imperial inicia o programa com uma frase polêmica e provocativa: "De norte a sul discute-se, é válido ou não é válido a umbanda em ritmo de discothéque. Você em casa, acenda a sua vela". E começa a surreal "Omulú".
No disco, Fernando Santos até que canta bem, e é nítida a tentativa de aproximar seu timbre de voz à rouquidão característica de Ronnie Von, que anos antes emplacou o sucesso "Cavaleiro de Aruanda." A banda de Fernando era formada por músicos sensacionais , um absurdo de precisão e técnica, a produção de William Luna é de primeiro mundo e os arranjos, para o universo Disco da época, são primorosos.
E Fernando sabia muito bem o que estava fazendo, pois pelo encarte e pelos temas das letras, nota-se tratar-se de alguém que conhecia a fundo a doutrina e todo o sistema afro-brasileiro, com seus mitos e símbolos, e embora as letras, conceitualmente não digam muita coisa - característica básica da Dance Music - Fernando Santos tenta dar o seu recado espiritual. Mas mesmo assim, convenhamos, soa estranho. Assim como surgiu, a Disco desapareceu e junto com ela, o Fernando, pois ninguém mais aguentava a batida, as roupas, os bailes e toda a atmosfera da Discoteque, que era tida como extravagante e que hoje, convenhamos até que é inocente, beirando o ridículo. Mas julguem os irmãos: será que dava prá convencer??? Há outros discos do cantor, mas não tão clássicos. E por onde andará Fernando Santos?
Para ouvir a faixa 11, "Orum", clique abaixo:
Abaixo, Fernando Santos, aos olhos de hoje, inacreditável!
Para ouvir a faixa 11, "Orum", clique abaixo:
Abaixo, Fernando Santos, aos olhos de hoje, inacreditável!