Monday, April 30, 2007

Notas sobre o Ayom - Parte I - O Ayom


Do seio de Olodumare, dentro do Orún, estão os Imolés (a palavra Imolé significa LUZ, BRILHANTE) do qual emanam 400 consciências denominadas de direita, os Irùnmòlés, palavra que significa "Concebidos com a luz do Orún", espíritos que não nasceram e nem morreram na Terra, pois são fonte original da luz espiritual. São chamados Orixás e se agrupam em 200 casais. Também emanam 201 consciências da esquerda chamadas Igbàmòlé, que significa "Os que guardam a luz" (igbá – Cabaça, enquanto substantivo; enquanto numeral, significa 200). Estes 200 espíritos foram responsáveis diretos pela implantação da evolução em nosso planeta e pelo despertar da humanidade, rumo à civilização. São os tradutores, filhos dos 200 casais de Irúnmolés e são mais conhecidos como Eboras. Dentre eles estão Xangô, Obaluaiê, Ossain, Oyá, etc...

A primeira categoria, a dos Irunmalés, por surgirem de dentro da luz de Olorum foram chamados de “FUN-FUN”, os Senhores do Branco e são potestades extremamente antigas, a maior parte quase esquecidas. Oxalá é o mais conhecido dentre eles, mas existem muitos outros, praticamente desconhecidos no Brasil. Dentre eles podemos citar Ifá (o destino) Irawó (as estrelas), Oshupá (A lua), Orun (o céu), Ori (a mente), Agba Lodé (A imensidade do espaço) e em especial o Ayòón POOLO (ou Ayan), a Senhora da Música.



Representação do Ayom num tambor nigeriano

Um desses “FUN FUN”, chamado Órúnmílà (que se traduz como "Só o céu conhece os que se salvaram"), é considerado o primeiro profeta que passou pela Terra para trazer os ensinamentos de Olodumare. Trouxe o conhecimento cósmico, através da Antiga Sabedoria de Ifá, que descreve, num de seus textos, as origens dos primeiros momentos do Universo, o despertar da Gênese por intermédio de AYOM, o Movimento Pontual, a Eternidade no Momento, as Eras, ou o Eterno Sacrifício. Conhecido em várias culturas com praticamente o mesmo nome (Ayom ou Ayan para os sudaneses, Aña para os cubanos, Mooyo para os Bantu, Y-Om Ahed para os Judeus, Aum para os Hindus, Eon para os gregos, etc), Ayom é a potestade que encerra alguns dos maiores mistérios da profunda iniciação, pois está ligada a praticamente todo o sistema de equilíbrio das divindades, estando presente no começo e no fim do mundo, atuando na ritualística de todos Imolés. É o espírito da Música e segundo os mitos antigos, morava dentro do tambor no princípio dos tempos.

Quando os homens começaram a fazer a guerra, foi libertado por Xangô, que utilizando seu machado, cortou os tambores batá (antigos tambores de duas peles, ainda usados em alguns cultos) ao meio, fazendo surgir os tambores de uma só pele. Ayom é a entidade que ensinou os homens a falar, a cantar e a preservar e viver a música como fonte de equilíbrio e estabilidade. Por isso hoje, os raros sacerdotes iniciados nos mistérios de Ayom firmam sua força através de um saquinho ou uma cabaça, preenchidos com seus fundamentos que fica fixado dentro ou fora do tambor, o qual produz um som peculiar quando se choca com as paredes do casco. Um tambor bem preparado é um verdadeiro ser vivo, e quase sempre o espírito de Ayom quando se manifesta nele, induz o Alabê a executar ritmos extremamente hipnóticos e complexos, pois os tambores chegam a “falar” sozinhos.
Quando o fundamento (afobô) de Ayom é fixado no tambor o instrumento é chamado de Eléèkóto. O ritual de consagração inclui a pintura do tambor com a assinatura de Xangô. Eléèkóto é representado por uma miniatura de tambor que não pode ser tocada, pois está representando o assentamento do Ayom na Terra. O tambor batá é um dos instrumentos onde o Ayom pode ser assentado, embora todo e qualquer tambor pode passar por sua consagração. O tambores Ayom das tradições mais antigas são cônicos e não em curva como os batás, mas o que importa é o poder que o instrumento adquire de invocar, curar e até mesmo matar, dependendo do ritmo que se percute, por isso é uma iniciação para poucos, pois o mito do Ayom é bem claro: a música jamais será usada para a guerra!



Otun Alabê com Tambores consagrados e bastão ritualístico de comando.
O preparo de um tambor para Ayom requer muitos cuidados dentro da magia, pois desde a construção até a preparação, são utilizados diversos materiais para a consagração, que vão do azeite ao mel, elementos de alguns peixes e resinas de árvores. Um especial cuidado com as tiras que prendem o couro, com elementos diferenciados e polêmicos são indispensáveis. Normalmente afina-se os tambores próximos a nota Lá.
Os fundamentos do Ayom são conhecimentos que estão praticamente perdidos e são rarísimos no Brasil os iniciados nestes mistérios...

Wednesday, April 04, 2007

Curso de Formação em Música Umbandista

A Faculdade de Teologia Umbandista abre seu Curso de Extensão em Formação em Música Umbandista. Aulas Semanais aos sábados. Abaixo o cartaz de divulgação e o vídeo.

Inscrições na Av. Santa Catarina, 400 - São Paulo - SP

(011) 5031-8852 e (011) 5031-8110





Umbanda Força e Magia: Baiano - 2000


Umbanda Força e Magia: Baiano – CD – (2000-TBS produções) – 1. O Baiano; 2.Lapa do Bom Jesus; 3.Povo Baiano; 4.Baiano Bom; 5.Da Porta prá fora; 6.Dendê no Balaio; 7.Mironga no Conga; 8.Baiano Trabalhador; 9.Ladeira Abaeté; 10.Uma Vela acesa;

Vado Tombensi e Ogãs Einei, Marcelo, Osvaldo, João Luis e Eduardo, com coro de Camila, Conceição, Cidinha, Fátima, Nete, Gabriela e Tânia.

Muita gente já me falou mal da TBS, dizendo que os discos são mal-gravados, que existe algo de estranho em alguns deles, no caso dos toques de atabaques (as pessoas não me souberam explicar a estranheza e eu fui ouvir: na verdade, em algumas produções de candomblé Keto e outros, a TBS usa como fundo dos toques outro cd, o Rwm aos orixás, ou seja, o que ouvimos, na verdade é um karaokê de pontos). Mas justiça seja feita, vou dizer a todos que o trabalho da TBS pode pecar na produção, mas não peca no resgate dos pontos que foram gravados. É uma das poucas gravadoras nos dias de hoje a investirem na música do santo e isso deve ser respeitado. No caso deste disco não fazem feio, embora o coral esteja um pouco inseguro e desafina em algumas horas. Dá prá perceber, infelizmente que os toques dos atabaques são sempre os mesmos, o que nos leva a duvidar se os ogãs realmente tocaram, ou se aproveitaram as gravações de outro trabalho. Mas os pontos são bonitos, alguns já clássicos e o Vado canta muito bem. São só dez pontos, o que nos faz até querer mais. Agora, quanto a capa, sinceramente...

Para ouvir a faixa 8, "Baiano trabalhador", clique abaixo: